Ano Novo? Só em Março

Você já deve ter ouvido falar que o ano só começa depois do carnaval, não é mesmo? Há grande verdade nesse sentimento.

O ano novo só começava em Roma a partir do atual 21 de março (antigo 1 de março), quando o sol entrava no signo de Áries. O 1º de março romano marcava o início do ano no hemisfério norte porque coincide com o início da primavera no hemisfério norte e era considerado o início do ano por vários povos. Era comum que as festas de Carnaval encerrassem antes do término do ano. Havia algumas exceções. Por isso, na prática, o ano só começava depois do carnaval e as pessoas, mesmo atualmente, ainda carregam este sentimento verdadeiro, mesmo sem entender a razão.

O ano romano era dividido desta forma:

  • março – primeiro mês.
  • abril – segundo mês.
  • maio – terceiro mês.
  • junho – quarto mês.
  • quintilis (quintembro) – quinto mês.
  • sextilis (Sextembro) – sexto mês.
  • setembro – sétimo mês.
  • outubro – oitavo mês.
  • novembro – nono mês.
  • dezembro – décimo mês.
  • janeiro – décimo Primeiro Mês.
  • fevereiro – último mês.

Originalmente, o calendário romano, projetado inicialmente por Rômulo, o fundador de Roma, possuía 10 meses (março a dezembro) e 304 dias no ano. Alguns anos depois, o Rei Numa Pompílio, sucessor de Rômulo, no século VII a.C., adicionou os meses de janeiro e fevereiro, ao final do ano, para diminuir a imprecisão astronômica deste calendário que comprometia gravemente o planejamento das atividades que dependiam da previsão correta do início das estações. Assim, o calendário romano passou a ter 355 dias.

Nem precisa ser um gênio para notar porque setembro, outubro, novembro e dezembro tinham estes nomes. O nome queria dizer exatamente o que dizia, mês sete (setembro), mês oito (outubro), mês nove (novembro) e mês dez (dezembro). Bem simples e fácil de compreender.

Júlio César iniciou a bagunça política do calendário que até então era utilizado em Roma. Ele mudou o nome do mês de quintilis (quintembro) para Julius (Julho) em homenagem a ele mesmo. Retirou um dia do mês de fevereiro, que tinha 30 dias, e adicionou o dia ao seu próprio mês, deixando-o com 31 dias. César não aceitava que o próprio mês tivesse um dia a menos que os outros.

Júlio César também modificou radicalmente o calendário romano: adicionou os meses de unodecembris e duocembris ao final do ano de 46 a.C. para ajustar o calendário romano lunar ao egípcio solar, que era mais exato do ponto de vista astronômico. Até aí tudo bem, pois foi uma medida necessária para adequá-lo à realidade do movimento da Terra ao redor do Sol e corrigir a defasagem de dias. Com estes ajustes, o ano passou a ter 365 dias. Mas aí começaram as avacalhações políticas. Júlio César deslocou os meses de janeiro e fevereiro para o início do ano de 45 a.C. E assim ficou até hoje, com o ano iniciando em janeiro, ao invés de 21 de março (antigo 1 de março). Contudo, o início real do ano romano é 1º de março. A título de curiosidade, a própria palavra MARCO indica começo ou ponto de referência porque ela é derivada do latim “Martius” que é o nome do 1º mês do ano romano (Março/Martius) em homenagem à Divindade Máxima manifestada como o Senhor dos Exércitos, Marte. Uma intuição tão forte que permanece em várias línguas derivadas do latim. Mesmo na tradição religiosa judaica-cristã, o ano novo também começava na primeira lua nova de Março. Esta época coincide com o mito religioso da saída do povo judeu do Egito (Êxodo/Shemot 12:2 e Números/Bamidbar 28:16-17). Contudo, isto também mudou por motivos políticos, quando os rabinos transferiram o início do ano religioso para o 7º mês do calendário judaico para coincidir com as festas religiosas do 7º mês (Números/Bamidbar 29:1; e Levítico/Vayicrá 23:24).

Com a reforma de Júlio César, os dias dos meses foram fixados numa sequência de 31, 30, 31, 30… de janeiro a dezembro, com exceção de fevereiro, que ficou com 29 dias e de julho, que ficou com 31 dias pela razão política já indicada. A cada três anos, fevereiro também teria 30 dias para não deixar o novo calendário romano solar se defasar em relação à realidade astronômica do movimento da Terra ao redor do Sol até então conhecida.

A segunda avacalhação política do calendário veio com Agustus César, o imperador que sucedeu a Júlio. Ele eliminou o mês de sextilis (sextembro) e criou um mês em homenagem a si próprio, o mês de Augustus (Agosto). Como este mês tinha 30 dias, Augustus retirou mais um dia de fevereiro e adicionou ao seu próprio mês, fazendo agosto ter 31 dias. É por essa razão que fevereiro tem 28 dias e o calendário atual é totalmente avacalhado de modo que março já não marca o início do ano e o mês de setembro se tornou o nono, quando deveria ser o sétimo, e assim por diante até dezembro.

A última alteração deste calendário ocorreu com o Papa Gregório. Gregório não modificou a ordem dos meses, nem os nomes, ele apenas corrigiu a imprecisão astronômica do calendário anterior, mudando a regra do cálculo do ano bissexto para a que utilizamos até hoje. Enfim: a cada 4 anos, nos anos divisíveis por 4, temos um ano bissexto, isto é, fevereiro possui um dia a mais, exceto nos anos divisíveis por 100 ou 400. Gregório também suprimiu 10 dias do ano de 1582 para corrigir o acúmulo de erros ao longo dos anos devido à imprecisão do calendário Juliano. Assim, após o dia 05 de outubro de 1582, começou-se o dia 15 de outubro de 1582, eliminando os dez dias a mais segundo os cálculos astrológicos da época. Este é o Calendário Gregoriano usado até hoje. Certamente, o calendário precisará ser ajustado no futuro para se adequar aos cálculos astronômicos. Muito possivelmente, o cálculo atual dos anos também está errado devido aos erros dos calendários anteriores ao longo de milhares de anos que podem resultar em vários anos de defasagem.

Nossa fé defende a restauração do Calendário para voltar a marcar o início dos meses na data correta e com a contagem dos anos a partir da fundação de Roma em 21 de Abril de 753 a.C no calendário gregoriano. Com o início do ano civil em 1º de março, (atual 21 de março) que marca a entrada do sol no signo de Áries, e o início do ano religioso na primeira lua nova de março, que pode ocorrer em qualquer dia deste mês. Esta é a forma correta de respeitar a intuição popular de que o ano só começa depois do Carnaval. Defendemos também a alteração dos nomes dos meses de julho e agosto para quintilis (quintembro) e sextilis (sextembro) porque nenhum político deve ser reverenciado como se fosse uma Divindade. Quanto à correção dos anos, esta depende de mais estudos para o fim de descobrir quais foram todas as modificações que ocorreram ao longo dos milênios, quando elas de fato aconteceram, para poder compensá-las com os vários ajustes feitos ao longo dos séculos.

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